Serafin Teatro





sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Espetáculo: Pipistrello


 A proposta deste espetáculo é intensa, pois, sem a necessidade de apelar à palavra falada, mas valendo-se da mistura de linguagens artísticas, convida-nos, ao través da pele do seu protagonista, a experimentar uma vivência muito intensa e essencialmente humana: a paixão. Efetivamente, Pipistrello, que é o ingênuo e romântico boneco protagonista desta historia, por meio de uma linguagem clownesca, interage com o público e com a sua partenaire mimetizada entre os espectadores, revelando o surgimento e a consumação de um amor apaixonado, pleno de inocência e de atrapalhado cortejo amoroso, abrindo os nossos corações para a ternura, e dispondo os nossos ânimos para disfrutar das mais divertidas e enroladas graças.  
 Desde aqui, Pipistrello, dirigido pelo clown italiano Nani Colombaioni, um dos maiores palhaços do século XX, é um espetáculo de teatro de animação e de clown, que, com uma desopilante conjugação de comicidade e poesia, nos revela uma essência totalmente lírica, pois a sua história surge desde as inescrutáveis e sentidas profundezas da poesia romântica.
Assim, Abel Saavedra, o Ator-manipulador de Pipistrello, um boneco de 1,80 m. de altura, como o resultado de uma profunda pesquisa sobre a manipulação direta e sobre o uso das partes do corpo do manipulador durante a manipulação, desenvolveu uma técnica chamada de “manipulação direta mista” a partir da qual ele consegue acordar a vida presente naquele. Assim, além de emprestar seus antebraços e pernas ao boneco, manipula com a sua boca a cabeça deste, e faz isto quase a cegas, só se valendo da pre-apreensão do espaço circundante.
Este espetáculo se apresenta em um espaço cênico mínimo de 7 m x 5 m, com uma vibrante música que vai transitando entre a doçura e a alegria, e uma cenografia simples e discreta: um suntuoso biombo onde se projetam as cenas do teatro de sombras, um melodeon, vistoso instrumento típico alemão, com o qual Pipistrello executa músicas durante o cortejo amoroso, e uma enorme mala na qual este guarda os objetos com os quais interagirá durante o espetáculo. Além disso, o tempo cômico, tão preciosamente trabalhado e internalizado na tradição Colombaioni, foi transmitido para Pipistrello, resultando em gags minuciosamente coreografadas, que fazem deste espetáculo, nas palavras de Nani, uma “sinfonia”.

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